sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ode à Escada

Escada
Espectro, protuberante incisão
Forma de vida estreita e pontiaguda
Escadas, de duplos terrenos
Ambiciosas, rudimentares e incoerentes
Segam passos, deslizantes, ventam sobre teu ventre.

Curtos rodapés, contínuos
Permissivas escalas
lançadoras de movimentos intermináveis
Animada sinestesia de impulsos
impulsionando calorosos instantes.
Sincronia de passos
Passos largos, curtos e modulares
Abalo do calcanhar
Ambição do andar
Doces subidas e descidas;
frenéticas, lançam espasmos a distância.

Ignorante modo de vida
Espelhos horizontais
Lâminas
Saliencias Dolorosas
Maçantes sinuosidades;
destemidas e perigosas.
Corriqueira borda
Defesa pessoal
Desenho seguro e preciso
Obstinada estaca lateral
Obscuras.
Cicatriz arquitetônica
cabo do início, amostra do fim
Chafariz da inocência, abrigo das diretrizes
Quente, larga
Fria, acanhada.

Sempre seguindo em frente
sempre refluindo a trás
Assento maioral das nádegas
Itinerário da pequenez
Será escada.

Um comentário:

  1. hahhahaha, muito bom! "Assento maioral das nádegas
    Itinerário da pequenez"
    Por tratar de um poema acerca da "escada", achei que fosse parnasiano...

    ResponderExcluir